A fundação da Real Fábrica do Juncal, localizada na rua hoje denominada da Carreira da Vila, insere-se na política mercantilista do Marquês de Pombal, ministro de D. José I, que enceta a revalorização do sector manufactureiro, numa tentativa de reduzir o nosso défice e nacionalizar o sistema comercial português, na altura dominado pelos ingleses.
Assim, em 1770, José Rodrigues da Silva e Sousa fundou, no Juncal, de onde era natural o seu pai, uma fábrica cuja produção incidia em louça utilitária e azulejo. As cores usadas eram o azul e branco e a decoração da faiança era inspirada em motivos orientais, certamente, devido à influência da Fábrica do Rato.
O seu fundador foi quem primeiro a dirigiu, pelo menos artisticamente, mas os resultados financeiros não foram os melhores. Teve, no entanto, colaboradores dedicados, entre os quais o ceramista José Luís Fernandes, natural de Raxal Bispo (Coimbra), que introduziu um novo estilo decorativo conhecido por "maneira do Juncal". As paisagens e elementos decorativos do estilo oriental deram lugar a novos motivos inspirados nas plantas silvestres como alecrim, murta, manjerico, madressilva ou grinalda de verdezelha. Surge assim o ramo estilizado, característico das jarras de altar. O azulejo segue os modelos da época.
Em 1784, já no reinado de D. Maria I, foi autorizado o uso das Arma Reais por cima da porta da Fábrica e em 1796, José Rodrigues foi agraciado com o título de Monteitro-Mor da Vila de Rei, da Comarca de Tomar.
No final do século XVIII, José Rodrigues, terá vendido os bens que herdara do seu pai e modernizou a Fábrica, entrando esta numa nova fase de desenvolvimento.
As invasões francesas, ocorridas no início do século XIX, trouxeram à Fábrica grande destruição. Por esta altura, José Rodrigues faz sociedade com José Luís Fernandes da Fonseca, tendo ambos aplicado capitais na reconstrução da Fábrica.
Em 4 de Novembro de 1824, morreu José Rodrigues da Silva e Sousa. A administração da Fábrica continuou a ser feita por José Luís Fernandes da Fonseca que veio a falecer em 1837. Nesta data era já administrador seu filho Bernardino da Fonseca sendo o estado da Fábrica considerado em laboração normal com produção de louça.
Em 1863, figurava como proprietário e administrador José Calado da Fonseca que fabricava louça utilitária, vendida nos concelhos de Porto de Mós, Caldas da Rainha, Óbidos, Leiria e Torres Vedras.
A Fábrica viria a ser encerrada em 1876.
Bibliografia: MARTINS, Maria Filomena, (1997). Azulejos do Juncal, Editotial Diferença, Pontinha.
Mariana, Solange, Priscila – 11º C
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