sábado, 5 de fevereiro de 2011

Guilherme Stephens – apontamentos para a sua biografia

     Filho ilegítimo de Oliver Stephens, um professor na Cornualha, e de Jane Smith uma serva da propriedade Pentillie, foi educado pelos seus avós em Pillaton. A morte da mulher do seu pai juntou a família, pois aquele, Oliver Stephens, voltou a casar com a sua mãe, Jane Smith. O novo casal mudou-se para Exeter, onde constituiu uma família numerosa. Guilherme terá, então, sido educado na Exeter Free Grammar School.
     Em 1746 terá vindo para Portugal para se juntar ao seu tio Jonh Stephens, um comerciante inglês em Lisboa. No entanto, os negócios do tio faliram, pelo que, em 1752, se juntou a de Jorge Midley , um influente e bem sucedido comerciante inglês em Portugal. Mas, em 1755, o terramoto terá destruído os seus bens e o seu negócio.
     Stephens percebeu de imediato que eram necessários materiais para a reconstrução da cidade, iniciada pelo Marquês de Pombal. Logo em 1756 reinicia a sua actividade industrial com o pedido de Alvará (3 de Novembro) para se estabelecer com uma fábrica de cal no Bairro de Alcântara, utilizando carvão de pedra que mandava vir de Inglaterra, livre de direitos. Em Janeiro de 1758, por ordem da Secretaria de Estado a “Junta de Commercio adiantou outo contos de reiz” por conta da cal fornecida para as obras do Arsenal, das Alfândegas e Praça do Comércio.
     Em 1760, o negócio da cal deixa de ser proveitoso, e dos 16 fornos, apenas 3 continuam em laboração, sendo mesmo assim demasiada a sua produção pelo que, Guilherme, solícita, a D. José I, para baixar o preço do “moio” da cal e, em 15 de Julho de 1761, pede a El-Rei para que lhe ficasse com os fornos para pagamento da dívida que tinha ao Tesouro Real. Os bens da fábrica são, então, penhorados por diversas ocasiões por dívidas. “…tem posto na triste mizeria de vender os móveis da sua casa para sustentar a família que constando de trez irmãos e hua irmã orfaans não tem outro recurço se não no patrocínio e clemência de Vossa Magestade…”
     Em 1764 está inteiramente arruinado devido ao insucesso da sua fábrica de cal. Em 25 de Junho, a Junta mandou socorrê-lo por conta da cal que ia fornecendo. Mas, a 7 de Julho de 1767 foi-lhe, ainda, concedida a prorrogação, por mais 20 anos, da concessão da cal.
     Nos princípios de 1769 Guilherme Stephens adquire a sua primeira fábrica, uma indústria de vidros que, até então, pertencia a John Beare, e que estava localizada na Marinha Grande. Reinaugurada a 7 de Julho daquele ano, logo se começou a fazer sentir a sua forte actividade, aumentando as suas instalações, empregando mais operários e dotando-a com os mais aperfeiçoados maquinismos da época. O Marquês de Pombal, reconhecendo o seu valor, protegeu-o, como óptimo auxiliar na grande empresa de regeneração industrial do País, e concedeu-lhe um empréstimo de 32 contos de réis, sem juros nem limite temporal de pagamento, podendo fazer os pagamentos parciais em cal para obras públicos, a partir dos fornos que ainda possuía em Alcântara. D. José I deu-lhe permissão para gastar a lenha do Pinhal de Leiria, que lhe fosse precisa para a fábrica, durante quinze anos, privilégio que se tornou depois permanente, segundo alvará de 7-VII-1769. Em 1776 o rei declarava, numa nova provisão, que a fábrica ficava sob a imediata protecção do rei, como útil ao bem público, e ao dos pinhais. Esta concessão baseava-se na ideia de que, sendo bem feito e conscienciosamente dirigido, o corte das lenhas, não prejudicava a floresta, antes pelo contrário, limpava os seus ramos secos, que eram os que se permitia cortar.
     Stephens conseguiu, assim, ressuscitar o negócio da cal e desenvolver a manufactura do vidro. Os lucros deste negócio permitiram -lhe construir uma casa apalaçada na Marinha Grande.
Além de promover o desenvolvimento manufactureiro da região, elaborou um programa de assistência social na Marinha Grande. Abriu escolas, organizou um fundo de socorro a doença e um sistema de pensões, fechou as tabernas, introduziu actividades culturais, reorganizou o suprimento de alimentos, e investiu significativamente na evolução da agricultura. Ele acompanhou com interesse os regimes de Thomas Coke de Holkham Hall e transformou a produtividade agrícola na região.
     Apesar de ter sido chegado a Marquês de Pombal, D. Maria I aumentou-lhe os seus privilégios, fazendo mesmo duas visitas reais à Marinha Grande. Em 1792, o príncipe João assumiu as rédeas do poder, confirmando os privilégios conferidos por sua mãe.
     Em 1803 Stephens faleceu na casa da família em Lisboa, deixando a fábrica de vidro para seu irmão, John James Stephens. Com a morte de John James a fábrica de vidro foi cedido ao Governo Português.






http://en.wikipedia.org/wiki/William_Stephens_(glassmaker)
pt.wikipedia.org/wiki/Guilherme_Stephens

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